Destaques

08 dezembro 2017

Gratidão

   

       "A gente não chega a lugar algum sozinho". Essa é a frase que me acompanha nesses últimos dias de 2017 e que provavelmente deve estar me acompanhando desde já muito tempo, mas só agora puder ver a força que ela possui em minha vida. 
      Sempre fui de planos, de programar minhas atividades, de tentar esquematizar minhas ações, o futuro incerto sempre me amedronta, não gosto das surpresas do destino pois nem sempre elas são boas e bem sei que isso é de extrema imaturidade, mas são questões de personalidade as quais ainda não consegui me afastar. Porém, em alguns momentos de nossas vidas, bem específicos, bem marcantes, algumas surpresas são realmente gratificantes. Enquanto me afundava em leituras difíceis e novas no meu quarto, meus pensamentos vagavam para um possível futuro próspero, mas aparentemente distante. Em um piscar de olhos, esse futuro já era o presente, e novos desafios surgiam ao longo dos dias. Em um estalar de dedos já me vi em outras posições, atuando de outras formas e realizando diversas ações que até pouco tempo atrás eram apenas pensamentos de uma mente ansiosa por mudanças e ao mesmo tempo amedrontada por elas. Mas esse piscar de olhos, esse momento repentino, essa transição aparentemente veloz não ocorreu sem a ajuda de inúmeras pessoas, em momentos diferentes, distantes e próximos do presente, os quais fizeram tudo isso acontecer.
         E o tudo isso significa muito, tanto, que nem letras em caixa alta, nem textos (essa tentativa frustrada de uma boa escrita), podem elucidar o quanto tudo isso significa.
     
São palavras de alguém extremamente grata por todas as pessoas que me ajudaram em meu percurso acadêmico, profissional e pessoal, até o presente momento. Um paradoxal longo e curto percurso de dificuldades, limitações, mas muito trabalho, muito esforço, muito estresse e muitas tentativas de demonstrar minha gratidão por meio de gestos e simples conversas por aí.

05 outubro 2017

De volta ao futuro incerto


Há um ano eu estava escrevendo sobre o que não me define, sobre o término da faculdade que estava tão próximo e sobre minha dedicação exaurida por lá, me reconhecendo como alguém que mudou ao longo do percurso universitário. Em alguns meses depois estava eu novamente como aquele futuro incerto vivido antes de passar no vestibular. Graduação acabou. Mestrado é uma possibilidade, assim como uma vaga no mercado de trabalho era. As responsabilidades redobraram e a vida adulta te faz ser chamada de "tia" por pessoas com pouca diferença de idade. A minha roupa "de estudante" não nega minha jovialidade, mas não determina minha capacidade profissional. Agora o que não me define não são mais notas, elogios em sala ou conceitos atribuídos de acordo com diferentes tipos de avaliações, em um novo percurso o que não me define é a produtividade, a capacidade de enfrentar certos desafios diários, alguns boletos pra pagar, prazos a cumprir e  situações para adequar-me. Esse momento de transição é um tanto assustador, principalmente para quem sempre se manteve numa posição de estudante-barra-aprendiz e agora precisa estar na posição professora-barra-profissional-responsável. O medo de ser uma Rory Gilmore já pode não estar mais tão presente, mas o medo do fracasso nos novos ambientes em que me insiro, talvez sim. As mudanças chegam sempre, eu até me impressiono com elas, mas em meio a uma vida "adulta", com muitas metas ainda a cumprir, me pergunto constantemente se tudo isso vale realmente a pena e se o que não me define me fará feliz um dia. São sempre temos difíceis para os sonhadores, mas assim como Amèlie, eu às vezes acho que tenho ossos de vidro.

10 agosto 2017

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Há um universo em mim. Um mundo de cobranças, outro de amor, um planeta de crenças, outro de incertezas, existe um com seus anéis de inseguranças e mais um predominantemente sufocante, de ar densamente carregado de medo e traumas. 
Criaturas vivem em mim. Umas amigáveis, outras serelepes, algumas receosas e desconfiadas, vaidosas e corajosas, a maioria descrente no alheio. Difícil é conviver com todas esses formatos diferentes do eu. Atender expectativas sociais e manter-se fiel à "essência" sempre irá ser um desafio. Ou essas diferentes versões moldam-se ao que é esperado, ou tentam conviver com as várias facetas necessárias para a socialização. Tolher as palavras, o comportamento, as vontades, suprir com os desejos, com os impulsos, com o querer. Como não deixar destruírem-se os mundos íntimos que coabitam em mim? Como prever a felicidade ou a realização plena? Como deixar transparecer-se num mundo de sombras e clarões?

When this wild world
Is a big bad hand
Pushing on my back
Do you understand?
Moon and Moon - Bat For Lashes

11 julho 2017

Resenha - Pesadelos Infaustos

Nome: Pesadelos Infaustos
Autor (a): Breno Torres
Editora: Arwen
Sinopse: Nevoeiros povoam as utopias e cotidianos das infaustas criaturas dos mundos desde as remotas eras. Caminhando no tênue limiar entre pesadelos e triunfos, os peregrinos dos universos, em suas eternas buscas por conquistas e glórias, confrontam os enredos obscuros que Algo ou Alguém – Deus? – tece para cada um de seus passos, deparando-se com as sombras, melancolias e temores inevitavelmente encontrados no caminho. O que de profano, ultrarromântico, caótico e celestial ecoa nas narrativas dos andarilhos dos mundos? Há espaço para a contraditória natureza angélica e demoníaca do ser? Há salvação para os mais miseráveis e condenados errantes das raças?

Escrever sobre o sonho de alguém nunca será uma tarefa fácil. Ao me deparar com o livro de um conhecido querido, logo viabilizei a aquisição e ao ler, pude constatar o quão bom o trabalho de Breno Torres foi, é e continuará sendo.

Pesadelos Infaustos trata de uma compilação de contos de terror/suspense, com elementos sobrenaturais e humanos, que carregam a tradição de autores que o inspiram, como Anne Rice. Perceptível é a influência que o autor teve no processo de escrita desse livro. Aqui, temos vampiros, fadas, bruxas e lobisomens vivendo histórias marcantes e muito bem descritas.

Não gostaria de me prolongar ao descrever cada conto presente no livro, porém, preciso enfatizar o quanto cada um deles, pela forma que foi escrito, ficou na memória após a leitura. A narrativa do padre e sua filha bruxa, a tragédia do animal contido dentro do humano, a fascinação pelo mundo vampiresco, lembrando tanto as histórias de Anne Rice foram alguns dos contos que emergem da memória ao relembrar a leitura da obra.
A escrita de Breno Torres é descritiva, poética e carregada de influências do fantástico literário, da música pop e de leituras contemporâneas. Em alguns pontos peca por cenas, acredito eu, desnecessárias ao enredo, provavelmente com intenções de chocar através do erotismo e diálogos um tanto chulos ou prolixos. Mas nada que impeça o deleite das narrativas instigantes que o autor traz ao seu livro.

A obra ainda traz uma diagramação muito bem elaborada, aos moldes da temática de suspense/terror das narrativas e em cada início de capítulo, há um trecho de uma música, que, acredito ser integrante do repertório do autor.

Com personagens bem elaborados, honrando a tradição dos clássicos sobrenaturais, Pesadelos Infaustos é um prato cheio para quem ama o gênero terror/suspense com uma escrita especialmente elaborada e poética.

06 junho 2017

XXI Feira Pan-Amazônica do Livro


A Feira Pan-Amazônica do Livro que ocorre todo ano, em Belém - PA, foi diferente pra mim. Não prestigiei a Feira apenas como compradora, mas (também) como vendedora. Aprender um pouco a ser livreira nos 11 dias do evento foi bem desafiador, mas ao mesmo tempo muito gratificante. Meus olhos brilharam do começo ao fim em ver tantos livros saindo de caixas todos os dias, expostos, e novos, prontinhos para serem comprados.

Além da experiência maravilhosa com os livreiros das universidades que estavam no mesmo círculo de amizades da minha chefa (❣) e de aprender muito sobre venda e atendimento ao público, as ofertas nesse ano foram maravilhosas, e teve muito livro bom por preços ótimos.

Nos primeiros dias deu tempo de tirar foto de algumas ofertas que duraram até quase o penúltimo dia da Feira, ou seja, esgotaram, mas ficaram por bastante tempo disponíveis. Vários estandes novos e alguns tradicionais estiveram presentes e fizeram os consumidores de livros e outros artigos relacionados surtarem com tanta coisa boa.

Numa estande chamada Qualquer livro a 10,0 reais (esse era o nome mesmo, não tinha outro), vi muitos (muitos mesmo) livros interessantes por esse valor bem em conta. Confere alguns:

O Diário de Anne Frank esgotou no antepenúltimo dia, mas vi muita gente com ele na sacola. Deu pra aproveitar.
Além dessa, outras estandes disponibilizaram muitos livros de fantasia e aventura por preços bem baixos também. Não posso comparar a uma Bienal do Livro em São Paulo e Rio de Janeiro (as quais nunca estive presente,mas sempre fico sabendo de preços menores ainda), mas essas estandes com esses livros a esse valor são novidades aqui em Belém, e acredito que trouxe muita gente às compras por conta delas.
Outra estande que estava com preços ótimos era a da Novo Século. Quase tudo a 20,0 e 15,0 reais. Todos os títulos da Rainbow Rowell por esse preço e boxes de histórias em quadrinhos e um do Mário de Andrade. Esse último eu adquiri 🖤
Na Livraria Relicário, um sebo famoso aqui de Belém, também muita coisa boa esteve por lá. Alguns livros raros, como a primeira edição de Primeira Manhã, do autor paraense Dalcídio Jurandir, prestigiado e estudado na área de Letras da UFPA e outras universidades. Uma amiga estudiosa do escritor conseguiu levar por um preço bem bacana.

24 maio 2017

Resenha - Um Amor Incômodo

Nome: Um Amor Incômodo
Original: L'amore molesto
Autor (a): Elena Ferrante
Editora: Intrínseca
Sinopse:Aos quarenta e cinco anos, Delia retorna a sua cidade natal, Nápoles, na Itália, para enterrar a mãe, Amalia, encontrada morta numa praia em circunstâncias suspeitas: a humilde costureira, que se acostumou a esconder a beleza com peças simples e sem graça, usava nada além de um sutiã caro no momento da morte.
Revelações perturbadoras a respeito dos últimos dias de Amalia impelem Delia a descobrir a verdade por trás do trágico acontecimento. Avançando pelas ruas caóticas e sufocantes de sua infância, a filha vai confrontar os três homens que figuraram de forma proeminente no passado de sua mãe: o irmão irascível de Amalia, conhecido por lançar insultos indistintamente a conhecidos e estranhos; o ex-marido, pai de Delia, um pintor medíocre que não se importava em desrespeitar a esposa em público; e Caserta, uma figura sombria e lasciva, cujo casamento nunca o impediu de cortejar outras mulheres.
Na mistura desorientadora de fantasia e realidade suscitada pelas emoções que vêm à tona dessa investigação, Delia se vê obrigada a reviver um passado cuja crueza ganha contornos vívidos na prosa elegante de Elena Ferrante.

Um Amor Incômodo foi o primeiro livro da Elena Ferrante que li. E o título não poderia ter feito mais jus à minha primeira experiência para com a autora, foi uma leitura incômoda.

A história é sobre Delia e a recente morte misteriosa de sua mãe. Amalia morreu no mar, vestida apenas com um sutiã que não fazia muito o estilo de roupas que ela usaria. Sua filha ao mesmo tempo que lamenta essa perda, sente-se um pouco aliviada. Como ela poderia sentir-se dessa forma em relação à morte de sua própria mãe? Ao longo da narrativa iremos descobrir o relacionamento estranho e conturbado entre elas.

No decorrer dos capítulos entramos em contato com outros personagens, importantes para compreender a história de Delia e Amalia. É preciso deixar claro que a história da protagonista perpassa em absolutamente tudo a história de sua mãe. Caserta seria o possível atual namorado de Amalia, uma paixão antiga que conturbou e muito o relacionamento dela com o pai de Delia. Este extremamente ciumento e agressivo, maltratou e muito Amalia, e mesmo após mais de 20 anos separados, ele continuava a assombrar a vida da senhora.


Eu citei anteriormente o quanto essa leitura foi incômoda para mim, fazendo um trocadilho com o título da obra e irei explicar os motivos. A escrita de Elena Ferrante, neste livro, é confusa e prolixa, um dos motivos para a leitura não fluir tão bem a leitura, porém a história em si foi o que mais me incomodou. Caótica em algumas partes, as cenas de conflito, pela perspectiva de Delia quando criança, entre seus pais, com a violência verbal e física sofrida pela sua mãe, foi angustiante de ler. A autora aqui traz um ponto forte: retratar a violência dos homens contra mulheres de uma forma bem próxima do real, sem idealismos e com forte crítica social. Mas acredito que ler tais cenas só incomodou mais por eu também ter vivenciado um ambiente como esse, quando pequena. Não com o mesmo nível de violência, porém tenso e conflitante como Delia viveu quando criança. A leitura então se tornou algo pessoal, revivendo episódios traumáticos e extremamente conflitantes na cabeça de uma criança.

Ser uma leitura que incomoda é algo positivo, pois a autora soube sensibilizar seu leitor. Porém, a obra é cheia de cenas desnecessárias, ao meu ver. E a escrita é caótica, como citei anteriormente, mas não de uma forma que perpasse em nossa leitura a ideia de fluxo de consciência, mas simplesmente confusa. Ao ler as cenas muito bem descritas pela autora, imaginei cenas confusas de um filme, pelas descrições imagéticas e bem detalhadas, porém, nem sempre foi algo que agradou pelas "quebras" da narrativa.

Por fim, como primeira leitura de Elena Ferrante - tão bem falada em canais e blogs literários atualmente - preciso de outra experiência para firmar alguma opinião sobre a autora e seus escritos. Um Amor Incômodo não cativou minha atenção ou meu gosto, mas espero ter outras oportunidades de leitura da autora.

17 maio 2017

Resenha - Um Teto Todo Seu

Nome: Um Teto Todo Seu
Original: A Room of One's Own
Autor (a): Virginia Woolf
Editora: Tordesilhas
Sinopse: Baseado em palestras proferidas por Virginia Woolf nas faculdades de Newham e Girton em 1928, o ensaio Um teto todo seu é uma reflexão acerca das condições sociais da mulher e a sua influência na produção literária feminina. A escritora pontua em que medida a posição que a mulher ocupa na sociedade acarreta dificuldades para a expressão livre de seu pensamento, para que essa expressão seja transformada em uma escrita sem sujeição e, finalmente, para que essa escrita seja recebida com consideração, em vez da indiferença comumente reservada à escrita feminina na época. Imaginando, por exemplo, qual seria a trajetória da irmã de Shakespeare – caso o famoso escritor tivesse uma e ela fosse tão talentosa quanto o irmão –, Woolf descortina ao leitor um cenário em que as mulheres dispunham de menos recursos financeiros que os homens e reduzido prestígio intelectual. Será que à irmã de Shakespeare seria dada a mesma possibilidade de trabalhar com seu potencial criativo? Como o papel social destinado aos dois sexos interfere no desenvolvimento (ou na falta) de uma habilidade nata? Virginia mostra como, na época, a elaboração da competência de uma pessoa dependia de seu sexo, uma vez que a sociedade reservava aos homens e às mulheres papéis, atribuições e concessões bastante distintas. A maioria das mulheres não dispunha da liberdade e da privacidade necessárias para ter um lugar próprio para refletir e laborar na escrita. Daí a afirmação da escritora de que“uma mulher precisa ter dinheiro e um teto todo seu se quiser escrever ficção”. Uma mulher precisa ter condições financeiras e espaço para pôr-se a contemplar suas ideias e colocá-las no papel. Com a linguagem original e a fluidez de pensamentos que lhe são características, Woolf aponta neste ensaio um padrão duplo presente na sociedade, segundo o qual os homens eram estimulados a aprimorar suas habilidades criativas enquanto às mulheres era reservado um papel de sujeição. Esta edição traz, além do ensaio, uma seleção de trechos dos diários de Virginia, uma cronologia da vida e da obra da autora e um posfácio escrito pela crítica literária e colaboradora da Folha de S. Paulo Noemi Jaffe.

Já conhecia este livro de ensaios da Virginia Woolf por muitos comentários bons relacionados a ele e perfis o mencionando como leitura atual. Mal pude esperar para realizar sua leitura quando o adquiri em uma promoção na livraria virtual Amazon e a leitura foi um tanto inesperada.

Virginia se propõe a discutir o papel da mulher na ficção em palestras que originaram esse livro e primeiro irá contar, a partir da experiência de uma personagem que cria, uma ensaísta, a visita a uma universidade de prestígio, nos expondo, inicialmente, as limitações de uma mulher naquela universidade, que a repreende por andar na grama (um guarda a chama atenção por seu caminhar indevido), fecha as portas para a sua entrada na Biblioteca (o local era proibido para mulheres) e a serve comida "sem graça" (no refeitório só para mulheres). Dessa forma, Virginia irá realizar comparações a partir do que nos descreve em seus primeiros relatos.

Não sendo nada convencional, ao se tratar de um ensaio, a autora escreve, a partir de sua escrita singular, com passagens interrompidas por regressões de pensamento, de forma a ir além do escrito ensaístico, com opiniões próprias e dados relevantes ao tema, ao nos tentar explicar o papel da mulher na ficção. E faz isso de forma brilhante. Desenvolve uma tese de que para a mulher estar inscrita na ficção, ela precisa de um teto todo seu e uma renda fixa mensal para poder desenvolver sua escrita de forma magistral. 
A autora ainda traz um vislumbre da vida de algumas autoras hoje conhecidas, como Charlotte Brontë, Emily Brontë, Jane Austen e George Eliot. Trazendo seu panorama desde o século XVIII, Virginia nos esclarece muito de como a mulher está inscrita na ficção e escreve sobre isso muito em comparação ao outro sexo, o qual não poderia deixar de lado, pois nossas vidas são rodeadas por eles, os homens.

A autora também desmistifica a ideia de escrever literatura como sendo algo proveniente da simples e pura inspiração, mas sim como um trabalho com as palavras, algo árduo, que necessita de muitas leituras, estudo, tempo e dinheiro para investir nisso.

É uma escrita empoderada, numa época em que já poderíamos vislumbrar essa palavra em meio a movimentos sociais e discursos de diferentes mulheres, como o dela.
Confesso que não concordei em alguns pontos da autora em determinadas passagens, porém, no geral, o livro nos dá muito um vislumbre do quanto a produção feminina na literatura ainda precisa crescer, envolvendo não só as questões literárias, subjetivas, mas sociais, políticas e financeiras.

10 maio 2017

Lendo Clarice Lispector

Para muitos, Clarice Lispector é um mito da Literatura, suas obras são consideradas incompreensíveis, enigmáticas, secretas e acima do nível de entendimento do leitor ou leitora. Quem soubesse de uma adolescente de 15 anos escolhendo A Paixão Segundo G. H. como o primeiro livro para conhecer Clarice Lispector, poderia exclamar o quanto difícil seria entender a obra que estava em suas mãos, principalmente pela adolescente não conter grandes ou muitas leituras em seu repertório literário na época. Pois bem, a jovem moça gostou e muito da leitura, mesmo sem entender algumas partes, e tem como um dos seus primeiros livros favoritos.

Para começar a ler Clarice ou continuar a ler seus livros, tentar entender sua escrita e seus fluxos de pensamento, é preciso desmitificar o nome da autora e entender que a linguagem dela é diferente de qualquer outra coisa já vista antes por um leitor inexperiente. Clarice traz questões existenciais em sua produção literária, como vida, morte, amor, questões que permeiam a vida de todos, mas sua escrita não é linear, como geralmente outras narrativas que lemos são. Sua narrativa traz um fluxo de consciência que, como nosso pensamento, é confuso, tem idas e vindas no mesmo tema ou segue em outros assuntos diferentes e ela utiliza desse fluxo para retratar as questões humanas integrantes de nossas vidas. Entendo isso, já é um passo para a compreensão das obras da autora. O segundo e principal passo é realmente ler seus livros. Nada substitui a experiência da leitura da obra de um autor que se pretende conhecer.

Eu não sou nenhuma expert em Clarice e iniciei minhas leituras dela com o livro considerado mais difícil, A Paixão Segundo G.H., porém, embarquei na escrita da autora de uma forma que não sei explicar e mesmo sem entender determinadas passagens, insisti em ler mais ainda suas obras. Ao todo, li dois romances (A Paixão Segundo G.H. e A Hora da Estrela - considerado novela por muitos) e quatro livros de contos (Felicidade Clandestina, Água Viva, A Via Crucis do Corpo e A Bela e a Fera), desses, os mais intensos e preferidos por mim são A Paixão Segundo G. H. e Água Viva.
A Paixão Segundo G. H. como livro de estreia das leituras de Clarice que fiz ao longo dos anos é um romance teoricamente simples e banal. A história narra a ida da protagonista ao quarto da ex-empregada quando avista uma barata no guarda-roupa e a esmaga na porta. O fluxo de pensamento surge quando a protagonista permanece no mesmo ambiente que a barata morta e vivencia uma sensação de perda, esta podendo ser metaforizada em diferentes sentidos. A escrita parte para o fluxo de consciência ao tratar de questões existenciais e universais, o que faz com que muitos leitores se identifiquem com o narrado. Foi o meu caso. Recentemente estava lembrando da leitura dessa obra e a vontade de relê-la foi enorme.
A Hora da Estrela é uma novela/romance/narrativa curta que conta a história de Macabéa, nordestina e datilógrafa que vive no Rio de Janeiro, porém, o narrador da obra é Rodrigo S. M., o qual também é o autor da narrativa. Clarice, aos olhos de Rodrigo S. M., narra a história da personagem desafortunada, de forma crua e ao mesmo tempo singela, nos faz refletir sobre os diferentes sentidos da vida.

Felicidade Clandestina é uma compilação de contos, dos mais famosos possivelmente, que todo curioso da autora precisa ler. O mais famoso sem dúvida é o Ovo e a galinha, um conto enigmático para muitos, mas que transborda de questões existenciais como toda a obra da autora. Eu particularmente gosto muito de Perdoando Deus, que trata da questão espiritual do eu-lírico, questiona e faz pensar sobre isso. Mas contos bem fáceis e rápidos para ler são: Felicidade Clandestina, a história da mocinha apaixonada por livros (resume muito a vida de um leitor assíduo), A Legião Estrangeira (um dos meus preferidos também) e Os Desastres de Sofia.

No canal literário Eu li e vou ler, a Thamiris Alves tem um projeto sobre leituras da Clarice Lispector, que podem ajudar a quem estiver tentando conhecer mais a obra da autora: Projeto Conhecendo Clarice.
No canal da editora Rocco também há uma sequência de vídeos sobre a Clarice, com grandes autores brasileiros que vale à pena assistir, a playlist está no meu canal: Clarice.

06 maio 2017

Sobre a difícil missão de ser adulta


Quando eu lembro do quanto me identifiquei com Rory Gilmore no revival de Gilmore Girls, meu medo de me tornar exatamente como ela em seus 32 anos ressurge de uma forma assustadora. O fato d'eu me identificar tanto com a Rory, mesmo não tendo uma vida tão privilegiada, já é um fato preocupante. A ideia de ser alguém que acha que merece conquistas e ganhar coisas da vida apenas "porque sim" é totalmente errada, eu sei, mas ao me deparar com a personagem, percebi o quanto já fui como ela. 23 anos, uma graduação indo para o seu fim e nenhum emprego à vista. A possibilidade de cursar outra graduação já apareceu. Ideias sobre o que eu gosto de fazer, como trabalhar, onde entregar currículos e o que fazer da vida para sustentar meus pequenos gastos diários e mensais surgem em todo o momento. Nem estou sendo pressionada para sair de casa e viver as grandes responsabilidades da vida de um adulto assalariado com contas a pagar, porém, a sensação do está chegando a hora vem em todo o momento. Só de imaginar o quão difícil é sair de casa, encontrar um bom lugar para morar, pagar as contas mensais, pensar nos itens do supermercado, cuidar daquele espaço que você chamará de seu e ainda estudar, trabalhar, namorar, sair com os amigos, assistir as novas séries da Netflix, etc, já me cansa. A ideia do fracasso assusta e paralisa. Ter me esforçado tantos anos para chegar a uma determinada base que poderia me proporcionar certa segurança, mas que hoje, depois de tantas mudanças na conjuntura política do país, pode não me oferecer tanta coisa, é frustrante. Claro que culpabilizar o outro não ajuda em nada, mas pensar na política brasileira (pensar em política parece sempre "coisa de adulto", mas é necessário pra todo mundo) atual já é um ato frustante, tanto para o presente, como aluna ainda, como para o futuro, como profissional. Ao mesmo tempo que precisamos correr atrás do que queremos, pensar nessa corrida como um ato vão é deprimente. Sorte (?) que eu não consigo ficar parada e o mínimo que posso arranjar é um "não" como resposta.

A "vida de adulto" pode não ter chegado definitivamente ainda, mas a sua prévia já assusta. 

01 maio 2017

Resenha - Mosquitolândia

Título: Mosquitolândia
Título original: Mosquitoland
Autor (a): David Arnold
Editora: Intrínseca
Sinopse: “Meu nome é Mary Iris Malone, e eu não estou nada bem.” Após o inesperado divórcio dos pais, Mim Malone é arrastada de sua casa em Ohio para o árido Missis - sippi, onde passa a morar com o pai e a madrasta e a ser medicada contra a própria vontade. Porém, antes mesmo de a poeira da mudança baixar, ela descobre que a mãe está doente. Mim foge de sua nova vida e embarca em um ônibus com destino a seu verdadeiro lugar, o lar de sua mãe, e acaba encontrando alguns companheiros de viagem muito interessantes pelo caminho. Quando a jornada de mais de mil quilômetros toma rumos inesperados, ela precisa confrontar os próprios demô- nios e redefinir seus conceitos de amor, lealdade e sanidade. Com uma narrativa caleidoscópica e inesquecível, Mosquitolândia é uma odisseia contemporânea, uma história sobre as dificuldades do dia a dia e o que fazemos para enfrentá-las.

Eu ganhei esse livro de sorteio no Skoob (coisa rara, eu sei) há muito tempo atrás e somente agora pude ter a oportunidade de lê-lo. Depois de muito tempo sem ler um Young Adult (posso classificar ele assim?), me peguei cativada pela história, por Mary Iris Malone e por Walt e Beck.

A história é sobre Mim fugindo da escola após uma advertência do diretor e indo ao encontro de sua mãe que está em outra cidade, Cleveland. Ela furta o dinheiro de sua madrasta, junta algumas camisas e comida na sua mochila e parte para a sua aventura, sozinha e ansiosa para reencontrar a mãe que não envia cartas há três semanas. Após encontrar, na caixa de Halls que estava com o dinheiro, uma carta de sua mãe pedindo ajuda à sua madrasta, Mim liga os pontos e acredita que foi afastada de propósito de sua progenitora e agora, mais do que nunca, com a ideia de sua mãe estar doente também, a menina precisa chegar até ela.

A história me surpreendeu por não se tratar de algo superficial ou mais do mesmo que eu pensei encontrar nesse livro. Mim não se sente nada bem em Mosquitolândia, mais conhecida por Mississipi, a cidade onde mora, por conta do afastamento de sua mãe, o recente casamento de seu pai, e o próprio comportamento dele para com ela. Nada fica muito claro por meio da voz de Mim, mas aos poucos compreendemos que ela, assim como sua mãe, tem problemas que necessitam de uma dose de medicamento, recomendada por um médico de confiança de seu pai. Ela escreve cartas para uma Isabel, contando os motivos dessa repentina e louca viagem para encontrar sua mãe e vamos compreendemos quem é  Mim e o que faz dela ser quem é aos poucos.
De personalidade intrigante e única, a nossa protagonista cativa do começo ao fim. Com o surgimento de outros personagens, como Walt, um garoto com síndrome de Down que a ajuda em uma de suas paradas em sua road trip e Beck, o garoto da poltrona 17C do ônibus que Mim estava, a história fica ainda mais intrigante.

Narrando sobre dramas familiares, comportamento, abuso e a até morte, David Arnold, por meio da voz de Mary Iris Malone, nos traz uma obra singular e nada boba. Uma leitura fácil, não tão rápida (o livro contém um pouco mais de 300 páginas), a road trip de Mim fica na memória dos leitores por sua personalidade instigante, sua história, suas lições de vida e seu final otimista.

26 abril 2017

Na minha estante #3


Depois de muito tempo sem apresentar os livros na minha estante (a primeira vez que fiz isso foi para um projeto que eu fazia parte, lá em 2012, bem no começo das minhas aquisições literárias), trouxe novamente esse tema, já depois de muitas (muitas mesmo) mudanças nos livros que possuo. Meu gosto literário está em construção ainda, acredito que nunca irá deixar de estar, mas ele já mudou bastante por conta da faculdade, principalmente. Aqui apresento as cinco prateleiras da minha humilde estante:

Na primeira prateleira dos altos eu decidi colocar os livros da faculdade, em sua maioria, pelo menos. Minha linha de pesquisa segue na História da leitura, do livro, História da Literatura, Romance e periódicos do século XIX, então alguns dos livros que não fazem parte da pesquisa até que não estão totalmente deslocados nessa prateleira. (P.s: não parece, mas amo Naruto, gente)
Na segunda prateleira, seguindo de cima para baixo, eu não tenho um critério apenas pra arrumação que tem nela. Na maioria são livros de que eu me orgulho muito de ter, alguns já lidos, outros não e no meio eu escolhi colocar a maioria dos livros de autoria de feminina, claro que alguns fogem à regra, pelo pouco espaço. É a prateleira que uso para tirar fotos de outros livros e gosto desses pra deixar em evidência.

22 abril 2017

Girlboss ou a série sobre moda que eu precisava

Preciso deixar claro que eu amo moda e a ideia de saber quase tudo sobre esse mundo me fascina, sou apaixonada pelos filmes ou séries nessa temática, e mesmo sendo muito leiga ainda no assunto, filmes como The Devil Wears Prada, Confessions of a Shopaholic e outros menos famosos se tornaram meus favoritos por sua temática. Quando lançaram Jane by Design, eu surtei. E infelizmente surtei mais ainda quando cancelaram a série ainda no meio da temporada. Me tornei uma carente de produções cinematográficas que envolvem Moda e que não sejam reality shows (porque não tenho paciência pra acompanhar mais de um), então saber sobre uma nova produção girlpower que fala sobre Moda e ainda baseada em fatos reais, foi uma bela novidade pra mim e a ansiedade foi grande.
Felizmente toda essa expectativa foi atentida com a série Girlboss, produção da Netlflix, inspirada na vida de Sophia Amoruso, empresária no ramo da Moda que obteve grande sucesso, em pouco tempo, com sua marca Nasty Gal
Preciso deixar claro que não li o livro e por isso irei opinar apenas sobre a série.

19 abril 2017

As melhores leituras da graduação

Cursar Letras - Língua Portuguesa não é apenas estudar Literatura e aquelas lindas obras clássicas nacionais e estrangeiras que já ouvimos por aí. Porém, em algumas disciplinas com certeza tive o prazer de ler e reler obras que foram gratas surpresas e grandes experiências em não só ler, mas estudar sobre elas. Eis aqui algumas das mais marcantes pra mim durante a minha graduação:
  • A Hora da Estrela
Lemos Clarice Lispector logo no segundo semestre do curso, na disciplina Teoria do Texto Poético (? - deveria ser apenas sobre poesia, mas vocês precisam saber que não dá pra entender tudo sobre esse curso, algumas coisas são bem contraditórias) e mesmo já tendo lido anteriormente, a experiência é outra quando lido em sala de aula e ainda realizando prova sobre a narrativa. A obra se tornou marcante pra mim ao entendê-la e compreendê-la por conta das discussões em sala sobre ela.

14 abril 2017

8 anos, 610 posts, 1.822 seguidores, 260 mil views

Quem nunca teve um blog e foi chamada de A garota do blog?
O blog completa nada menos que 8 anos de existência em 14 de abril de 2017. 
Eu iniciei nesse espaço para escrever sobre mim. Fatos e ocorrências do meu dia a dia que me alegravam, me entristeciam ou incomodavam. Logo percebi que não poderia escrever sobre tudo que me envolvia, mas ainda assim mantive o blog como um diário virtual, só que mais polido e consciente sobre o que ou quem escrever. Em 2012 me frustei com algumas decisões pessoais e me envolvi completamente no mundo da leitura. Na época, as parcerias com editoras estavam ainda no seu início, mas muitos blogs voltados apenas para livros ou para falar sobre as artes de entretenimento já existiam, e resolvi expandir os assuntos abordados aqui. Assim surgiu o Lado Extra, um trocadinho com o que era o segundo nome do blog Meu Outro Lado (inicialmente ele se intitulava Simplesmente Jeniffer - podem rir, eu deixo). 
Foram muitos blogs acompanhados e muitas pessoas por trás daqueles espaços que permanecem até hoje em minhas redes sociais, salvando minhas timelines com suas personalidades e histórias. 
O blog também teve alguns colunistas, pessoas inesquecíveis que ascrescentaram e muito com suas constribuições por aqui, mas ele voltou a ser um espaço solitário novamente, não por não ter dado certo com outras pessoas, mas por ele ser algo tão unicamente meu, que foi inevitável deixá-lo apenas em minhas mãos.
Eu tenho orgulho do blog e de tudo que conquistei e aprendi com ele. Uma das coisas mais gratificantes que já tive a experiência de vivenciar foram todos esses anos de textos escritos, compartilhados, ideias trocadas, novas amizades e gostos, tudo o que o Meu Outro Lado me trouxe.
Para rememorar esses anos de existência, listei alguns posts que amo recordar:

10 abril 2017

Entrevista com o autor: Breno Torres

Quem diria que o sonho de um amigo tão próximo iria se tornar realidade tão cedo?! Ao vivenciar de perto a trajetória daquele jovem sonhador e romântico, eu vibrei quando soube do seu primeiro livro, lançado pela Editora Arwen. Breno Torres é um amigo do curso de Letras – Língua Portuguesa e desde quando nos falamos pela primeira vez soube que era um apaixonado pelas letras e pela literatura. Como novo autor, o Breno irá lançar seu livro Pesadelos Infaustos, uma compilação de contos de horror e drama, publicado pela Editora Arwen, em abril deste ano. E claro que não poderia perder a oportunidade de divulgar o trabalho de um escritor paraense tão bom e tão próximo aqui no blog.
1. Quando iniciou tua paixão pela literatura?
Eu ainda guardo comigo uma das minhas primeiras memórias de leitura: uma edição linda de Poliana, adaptada para pequenos leitores, e foi uma experiência mágica. Mas minha paixão se consagrou mesmo com os livros de Harry Potter. Aquilo ali fez meu mundo virar de cabeça pra baixo – ou melhor: de cabeça pros livros.
2. O que te motivou a escrever um livro?
Quando eu leio livros, as experiências ali colocadas para os leitores viverem e os assuntos/temas discutidos sempre geram ideias e, por conseguinte, inspirações dentro de mim. Eu sou uma pessoa que tem muito a dizer, muito a mostrar, muito a provar (também), e a leitura e a Arte em geral me engatilha a imaginação. O que me motivou a escrever PESADELOS INFAUSTOS, enfim, assim como o que me motiva a continuar escrevendo, são as toneladas de palavras, filosofias, críticas e ideias que preciso compartilhar e escrever.
3. Por que um livro de contos e por que Horror?
Acho o Conto um gênero literário muito inteiro em si, muito completo e que dá muitas possibilidades ao autor, principalmente se tratando de um autor que está começando a descobrir seu estilo e sua voz narrativa. Foi no conto que comecei a fazer meus desdobramentos de enredo e experimentar as tantas possibilidades das dimensões de uma história, e deu muito certo esse meu processo de consolidação por conta disso. No que concerne ao Horror, um gênero que descobri com minha grande mestra Anne Rice, aliá-lo ao Conto me permitiu dar ao Horror tanta profundidade, tanta criatividade, sempre tanta autenticidade e possibilidades... Casar os dois, enfim, Conto e Horror, foi um processo natural. Um processo perfeito, para mim.
4. Como foi o processo de escrita de Pesadelos Infaustos?
PESADELOS INFAUSTOS começou a ser escrito no começo da minha graduação em Letras e se estendeu continuamente como um processo simplesmente experimentativo (de eu me descobrindo como autor) até que eu percebesse, uns dois anos depois, que eu poderia fazer conexões entre aqueles contos e eles faziam sentido e peso como uma antologia. Comecei, então, a me dedicar a tornar, a partir dos contos já escritos que eu tinha, a ordem das histórias um processo, onde o leitor poderia vivê-lo tanto no que diz respeito ao tom e às sensações que as histórias proporcionam quanto ao que as histórias são e representam – histórias críticas, profundas, vivas em si.
5. A faculdade te influenciou na vida de escritor/autor?
Com certeza. Na verdade, o grande motivo de ter entrado para a faculdade de Letras foi a possibilidade de me inebriar de Literatura em todas as suas dimensões para me polir e me engrandecer como autor – Crítica Literária, Teoria Literária; Leitura e conhecimento aprofundado de Clássicos (momento sempre fundamental), leitura de diferentes gêneros literários, descoberta de obras atuais; Produção, Revisão textual... A faculdade foi uma grande escola. Escola de vida, também.

29 março 2017

Aquela palavra com 4 letras

Ela olhava-o quando ele não estava prestando atenção em mais nada fora aquilo que estava à sua frente. Olhava-o desconfiada. Feliz e amedrontada ao mesmo tempo. Em seus pensamentos era difícil compreender o motivo de estar ali, vivendo ao seu lado de forma tão simples e contente. A cada sorriso compartilhado sua mente disparava com um alarme, nos míseros segundos que se passavam ela desconfiava se merecia tudo aquilo, se tudo era real, se ele estava sendo verdadeiro com ela. Mas porque ele fingiria um amor? Por que ele aguentaria todas as crises, manias e reclamações? A troco de quê? O que ganharia enganando-a desse jeito? E como ele estava conseguindo fingir todo esse sentimento que transparecia tão bem em seus olhos? Não era nenhum cavalheiro de hollywood, mas seu olhar parecia sincero quando a fitava enquanto riam juntos de uma piada sem graça. A vida tem dessas incertezas, ela pensou. "Sou mesmo uma boba por me preocupar com fingimentos quando o vejo tão claramente na minha frente". Era ele sim. Sincero, nu das formalidades sociais, ele puro, simples e honesto. Ela não queria admitir, mas estava sempre remetendo essa desconfiança a mágoas passadas. Inevitável. Um ego fora quebrado alguns anos atrás e esse parece ser mais difícil de remendar do que um coração partido. Mas esse sempre a conduzia para a lucidez da situação, dizia para ela parar de perder tempo com as suas neuroses e a mandava viver o amor, sem desconfianças, sem amarras ao passado. Ela escutava. Verdadeiramente. E esquecia dos sentimentos torpes já vividos antes. Agora era só aquele amor. Grandioso e singelo ao mesmo tempo. Aquele que inunda o corpo e a alma e não deixa espaço pra mais nada.

22 março 2017

Resenha - A Máquina de Fazer Espanhóis

Título: A Máquina de Fazer Espanhóis
Autor (a): Valter Hugo Mãe
Editora: Globo - selo Biblioteca Azul
Sinopse: A nova edição de a máquina fazer espanhóis apresenta novo projeto gráfico e prefácio de Caetano Veloso. No quarto romance do autor, António Jorge da Silva, barbeiro de 84 anos, é levado pela filha a viver em um asilo depois da morte de sua esposa. O que parece ser uma tragédia vai, no entanto, dando lugar à subjetividade do personagem, levando o leitor a verdades cortantes e arrebatadoras sobre o amor, a velhice, a política, o passado vivido durante o período militar imposto por Salazar e a própria literatura. É na fruição do contato com o outro, no caso de Silva, com os funcionários e pacientes do asilo, que acontece a possibilidade de redenção, tornando possível criar-se novas maneiras de viver.
A primeira coisa linda a ser citada sobre esse livro, mais especificamente nessa edição, é o prefácio do Caetano Veloso presente nela. O artista faz um crítica enfática ao golpe político ocorrido no país, no meio de tanto lirismo ao falar sobre a obra de Valter Hugo Mãe.
A narrativa conta a história de um senhor idoso que acaba de perder sua querida esposa e por conta disso sua família o leva para residir num asilo. A revolta do senhor Silva, como é chamado no livro, é grande. Não apenas pelas condições em que se encontra ao residir em um lugar desconhecido com pessoas também desconhecidas, mas principalmente pela morte de sua esposa. O vazio existencial é presente na vida dele e a narrativa se torna densa por conta de suas introspecções e pensamentos quanto à morte, à vida, ao seu passado e ao seu presente.
Eu presenciei, a partir de minha leitura pessoal, uma visão extremamente pessimista da personagem do senhor Antônio Jorge da Silva. Mas ao mesmo tempo me identifiquei muito com aquilo que ele narrava. Foi uma leitura contraditória, pois foi como encontrar o pior de mim naqueles pensamentos de um senhor de 84 anos, completamente desesperançado de viver momentos realmente felizes na condição que estava. A identificação foi um choque por eu não ter ideia do quanto meus pensamentos sobre o futuro são temerosos e tristes.
A escrita de Valter Hugo Mãe é primorosa. Novamente sua linguagem intimista e poética nos instiga na narrativa. Não é à toa todos os elogios de Caetano Veloso em seu brilhante prefácio. A edição novamente também está maravilhosa.

17 março 2017

Resenha - Esta Valsa é Minha

Título: Esta Valsa é Minha
Título original: Save Me The Waltz
Autor (a): Zelda Fitzgerald
Editora: Companhia das Letras
Sinopse: Escrito em um hospital psiquiátrico em apenas seis semanas, Esta valsa é minha é, ao mesmo tempo, um texto autobiográfico, um relato de época e um irrecusável convite para penetrar um universo feminino, alegre e sensível, mas também pleno de desilusões.
Num texto denso, Zelda reordena suas ideias através da personagem Alabama Knight: fala da infância à sombra de um pai austero, dos namoros e da adolescência no sul dos Estados Unidos, no período entreguerras, da vida com um artista na era do jazz, do sonho de se tornar uma bailarina profissional, das viagens à Europa, das festas e do álcool.
Imagens inusitadas e a visão de um vazio cortante pontuam a narrativa de Zelda, uma mulher fascinante que, a exemplo de eu alter ego Alabama Knight, jamais se conformou em ser apenas mulher de Francis. Enquanto ele trabalhava em Suave é a noite — que muitos críticos consideram sua obra-prima —, Zelda preparava sua própria versão da história.
Confesso que não estava muito animada para a leitura desse livro, justamente por desconhecê-lo completamente. Ao identificar o sobrenome da autora logo associei ao seu marido, Scott, porém desconheço a obra dele também e assim embarquei nessa leitura nova e desconhecida.

Essa obra foi escrita em apenas seis semanas durante a estadia de Zelda num hospital psiquiátrico. O enredo não é de grandes ações e reviravoltas, porém é de uma escrita singular e sensível. A história, considerada autobiográfica, relata a trajetória de Alabama, jovem namoradeira e de pensamentos divergentes dos da sua família, que casa com Francis, um artista que a compreende em suas "loucuras" e ideais. O romance não é o foco principal da narrativa e sim a mente de Alabama e suas relações com as pessoas ao seu redor. Ao obcecar-se pela ideia de ser uma bailarina de sucesso, não tão jovem mais, adentra-se em sua tarefa teoricamente impossível aos olhos dos demais.

Em Essa Valsa é Minha adentramos na época dos grandes bailes, dos encontros entre artistas, das conversas poéticas e profundas entre eles e principalmente na mente de Alabama. As cenas do cotidiano do casal e da família da protagonista são comuns, mas carregadas de sentido próprio. A narrativa como autobiografia ou como relato de época não decepciona. A escrita de Zelda impressiona pela técnica e pelo lirismo presente nas páginas da obra. Infelizmente, a autora parece ser um tanto apagada em relação à produção de seu marido, mas esta é uma leitura a ser recomendada a todos que apreciam uma boa narrativa do universo de uma figura feminina importante no cenário artístico e literário.

13 março 2017

Dos últimos que vi #06

Estas últimas semanas foram dedicadas aos indicados a Melhor Filme no Oscar e não poderia deixar de trazer algumas produções marcantes que assisti e recomendo muito a todos apreciarem também.

.Moonlight.

Que fique bem claro que eu estava torcendo muito por esse filme ser premiado e, felizmente, foi, mas, infelizmente de um jeito nada convencional que até tirou um pouco a atenção desse filme tão bom. O filme retrata a infância, adolescência e fase adulta de Chiron, negro, pobre e gay. Só isso já desperta a curiosidade para um filme ousado indicado pela Academia. A representatividade de minorias ou classes e pessoas discriminadas foi o foco de grande parte dos filmes indicados na mais importante categoria da premiação e que bom! O filme retrata a vida de Chiron por uma visão crua e alguns diriam até cruel. As cenas são impactantes, a fotografia belíssima e o roteiro te prende do começo ao fim. O personagem de Mahersala Ali tem poucas cenas, mas é de grande importância na trama. Não sei como resumir esse filme em toda a sua produção e importância social, só posso afirmar que é um filme importantíssimo e recomendável a todos.

.Fences.

Não sei muito o que dizer sobre Fences, fora que ele me tocou de uma forma inusitada. O filme é adaptação de uma peça teatral e traz muito desse outro gênero. É carregado de monólogos do personagem principal e gira em torno de alguém simples e trabalhador, com opiniões bem próprias baseadas em suas experiências de vida. O filme ainda expõe as relações de Troy Maxson com sua família e amigos e como Viola Davis pronunciou em seu discurso no Oscar, é um filme que fala sobre a vida de "pessoas que quiseram e nunca conquistaram seus sonhos". A atuação de Denzel é impecável e a de Viola também. É um filme tão singelo, mas muito enriquecedor.

.Lion.

Eu não estava com a mínima vontade de assistir esse filme já imaginando ser sobre uma história muito triste que não iria me agradar nem um pouco. Bem, eu estava certa sobre ser uma história triste, mas errada quanto a gostar do filme. Do começo ao fim eu chorei. Chorei muito. E no final estava soluçando de tanto chorar. Até nesse exato momento, ao lembrar das cenas, me emociono. É uma história tão delicada que não consigo evitar o sentimentalismo quanto à ela. Lion retrata a história de Saroo, desencontrado do irmão, o menino com apenas 5 anos, acaba chegando em outra cidade por meio de um trem que embarca por engano e nunca mais retorna ao seu local de origem. Saroo é adotado por uma família australiana e não se identifica mais com a cultura indiana, seu país de origem. Porém, 20 anos depois ele relembra algumas cenas de sua infância e decide procurar por sua família biológica. 
A atuação de Sunny Pawar, o Saroo quando criança, é mais do que tocante. Não acho que alguém possa manter-se sem lágrimas no rosto com as cenas desse menino no filme. Dev Patel não decepciona também e o final é mais uma vez, emocionante. Mais uma história comovente que recomendo muito.

.Animais Noturnos.

Este só foi indicado na categoria de ator coadjuvante, mas estava ansiosa pra assistir depois de ver tantas críticas boas relacionados ao filme e à Amy Adams. O filme narra a história de Susan, artista e atualmente casada, porém infeliz. Seu ex-marido, Edward, lhe envia a primeira cópia do seu mais recente livro, o qual dedicou à ela. A leitura do livro nos leva a outra história dentro da principal. Narra a viagem da família de Tony, sua esposa e filha que tragicamente deparam-se com três rapazes na estrada que o fazem encostar o carro na rodovia escura e deserta e ao final de discussões e violência, dois deles raptam a esposa e filha de Tony. A narrativa do livro é intensa, cruel e devastadora. Enquanto isso, Susan reflete sobre sua própria vida e relembra seu relacionamento com Edward. É um filme que prende do início ao fim, mas não espere encontrar cenas boas para recordar dele. A atuação de Jake Gyllenhaal é muito boa e a de Amy Adams (assim como em A Chegada), não decepciona em nada -maior injustiçada desse Oscar-. É um filme para pesquisar depois no Google alguma explicação reconfortante pra ele, pois ele confunde e embaraça a cabeça no final. Mas vale muito à pena assisti-lo.

Menção honrosa para: Hidden Figures, La La Land e Logan (esse último me surpreendeu muito!).

09 março 2017

Sobre participar de uma maratona literária

Foi a primeira vez que me propus, de verdade, a participar de uma maratona literária organizada por alguém que eu sigo. A maratona Segura o Livro foi organizada pelos canais Despindo Histórias, Sociedade A. V e Tem Que Ler, das meninas Taylane, Marina e Bells e Karol Rodrigues, respectivamente. As meninas propuseram alguns desafios que eu me organizei pra seguir e coincidentemente (ou não) foram livros que já estavam na minha meta de leitura do ano:
O primeiro desafio era um ler um autor português. Tinha escolhido O Primo Basílio de Eça de Queiros, mas de presente de aniversário ganhei A Máquina de Fazer Espanhóis do Valter Hugo Mãe e como vocês podem ver na resenha de O Filho de Mil Homens, amei demais conhecer a escrita desse autor e substitui O Primo Basílio pelo do Valter Hugo. Não consegui terminar a leitura durante a maratona, pois: que livro denso! Mas li boa parte dele no feriadão.
O segundo desafio era ler uma Hq e o terceiro era ler algum livro premiado. Como meta do ano tinha colocado Maus do Art Spiegelman para ler, sendo um Hq (ou Graphic novel, valia também) e premiado, aproveitei a oportunidade e coloquei na lista . Acabou que eu terminei de ler logo no início da maratona, pois já tinha iniciado antes e que leitura, minha gente! Muito boa.
O quarto desafio era ler algo de não-ficção. Para esse escolhi A Ordem dos Livros de Roger Chartier. É uma leitura obrigatória para a prova do mestrado em Letras que pretendo fazer, mas infelizmente fracassei lindamente ao ler apenas um capítulo desse (não tem a foto dele pois: livro raro, a gente lê em xerox mesmo).
Por fim, o último livro da maratona não fazia parte de nenhum desafio, foi mais uma leitura que eu pensei ser a mais leve delas, mas acabou não sendo. Escolhi livro de contos Felicidade Clandestina da Clarice Lispector. Pretendo publicar um post sobre algumas leituras que realizei dela como recomendação a quem ainda acha difícil ler Clarice, então aproveitei a maratona pra iniciar essa leitura também. Não terminei, mas li boa parte da obra.
Mesmo sem ter finalizado a maioria dos livros que me propus a ler durante a maratona, ela foi bem divertida por conta da interação das meninas no evento criado no Facebook. Houve alguns desafios pequenos durante os dias, para sorteios de livros e até de uma caixa da taglivros do mês! Infelizmente não ganhei nenhum, mas participar dessa interação com outros leitores foi bem gratificante. Conhecer novos canais literários também foi uma experiência muito boa. Recomendo a todos que pretendem acelerar um pouco suas leituras e de quebra conhecer novos canais, novos leitores e se permitir ter novas experiências com a interação que ocorre numa maratona como essa.
Para quem quer saber mais sobre as metas que me propus esse ano, segue as imagens dos livros para a meta geral e para a meta do projeto #leiamaismulheres, que publiquei no meu Instagram:
Uma publicação compartilhada por Jeniffer Yara (@yenwyfar) em

Uma publicação compartilhada por Jeniffer Yara (@yenwyfar) em

02 março 2017

Retrospectiva literária 2016


Eu sei que já estamos em março(!), mas lembrei que fiz ano passado uma retrospectiva literária e lembrei também das leituras de 2016, muito especiais, então vai sair post atrasado mesmo. Em 2016 eu li um total de 27 livros, menos do que em 2015 (foram 33), mas ainda achei que realizei bastantes leituras, considerando que tive praticamente 3 semestres da faculdade em um ano e uma das disciplinas já dizia respeito ao TCC (elaboração de projeto da monografia). Mas vamos ao que interessa:
O ano começou bem leve com o livro Um Estudo em Vermelho do mestre Arthur Conan Doyle. Eu sabia que viria a disciplina Literatura Contemporânea II e vários romances teriam que ser lidos, então decidi escolher algo bem rápido pra ler nos dias de folga.
Logo depois veio a releitura de Memórias Póstumas de Brás Cubas, essa já para a faculdade (assim como a maioria das leituras de 2016 foram), eu amo Machado e esse foi o primeiro livro que li do autor, então pude relembrar a sensação de lê-lo e mudar minha visão sobre ele também, já que estudamos em sala a narrativa.
A outra leitura se fez um pouquinho mais arrastada, mas no final eu gostei bastante. Triste Fim de Policarpo Quaresma é uma obra que quero voltar a ler em breve e confirmar tudo que vi ali de críticas, pensamentos e ideias sobre o povo brasileiro.
Macunaíma foi o trauma da nossa turma. É um livro bastante difícil e todos estavam receosos de não saber comentar sobre ele em sala (fazia parte da avaliação a análise crítica da obra). Mas com tantos textos de apoio que li em conjunto à obra de Mário, e a leitura sendo tão rápida como foi comigo, eu gostei bastante da experiência. É um livro riquíssimo pra falar da diversidade do país, seja na cultura, na linguagem ou na história.
Vidas Secas era um livro que eu queria ler a bastante tempo. Também foi uma leitura rápida e triste, como podem imaginar. Me emocionei com algumas cenas e quero reler em breve também.
O Quinze da Rachel de Queiroz foi outra leitura que me surpreendeu. Gostei muito da protagonista e de como a autora conduziu a história. Outro retrato de uma história nordestina, mas que narra sentimentos e situações que todos vivenciamos.
A Chave do Tamanho foi outro livro da faculdade. Entrar em contato com a literatura infanto-juvenil foi muito enriquecedor, junto com os textos de apoio eu só fiquei mais interessada ainda em conhecer mais sobre esse ramo da Literatura. Monteiro Lobato é realmente genial. Foi minha primeira leitura dele.
Chove nos Campos de Cachoeira de Dalcídio Jurandir não é muito conhecido por todo o Brasil, mas deveria ser leitura obrigatória pra muitos. Essa narrativa é rica sobre as questões humanas e vale muito á pena ler. O autor ainda tem mais 9 outros livros que fazem parte do chamado Ciclo do Extremo Norte que pretendo ler.
Ensaio sobre a Cegueira também foi outra leitura para a faculdade. Junto a ele assisti o filme (claro que depois de terminar de ler) e a história ficou marcada em mim. O livro é belíssimo, triste, claro, mas belíssimo. E o filme não deixa a desejar também.
Relato de um Certo Oriente foi minha primeira leitura do Milton Hatoum e confesso que não curti tanto assim. A obra é bem memorialística e traz conflitos familiares entre o passado e presente,  mas acredito que na época não estava muito desejosa de uma leitura como essa.
Eles Eram Muitos Cavalos do Luiz Ruffato foi a última leitura da disciplina de Literatura Brasileira e foi um soco no estômago pelas cenas cruas retratadas nela. O formato do livro também é todo diferente do que costumamos ler e traz muito da literatura contemporânea atual. 
O Apanhador no Campo de Centeio, finalmente, já foi uma leitura à parte da faculdade e confesso também que não me agradou. Não gostei do protagonista e de toda a ideia de vida dele, achei bem "confissões de um rico mimado", mas quero voltar na leitura pra confirmar ou não essa minha impressão.
A Abadia de Northanger, finalizando as últimas leituras do ano, foi fruto de outra disciplina da faculdade, e foi uma linda surpresa. Jane Austen não consegue me decepcionar com suas histórias e suas protagonistas. Amei Catherine e sua fixação pelos livros de aventura que lia.
A Normalista também foi leitura dessa mesma disciplina e como obra naturalista, surpreendentemente me agradou. A obra gerou até um artigo sobre.
As últimas leituras do ano foram maravilhosas. Robinson Crusoé e Moll Flanders, com suas devidas diferenças, foram leituras que me cativaram do começo ao fim. As histórias de Defoe me surpreenderam pelo meu interesse contínuo durante a leitura, mesmo com tantos capítulos descritivos. Fora para a lista de favoritos.

Agora em 2017 eu fiz algumas listas de leituras pra tentar seguir com elas, além de manter as compras de livros bem diminutas. Nesse carnaval fiz parte de uma maratona literária organizada por alguns canais e venho falar sobre isso em breve.
Quem quiser me adicionar no Skoob ou ver meus livros lidos em 2016, segue os links:

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