Título: A Abadia de Northanger
Original: Nortangher Abbey
Autor (a): Jane Austen
Editora: Martin Claret
Sinopse: Escrito ainda na juventude de Jane Austen e publicado postumamente, em 1818, 'A Abadia de Northanger' é, sem dúvida, um dos romances mais elaborados da época – uma comédia satírica que aborda questões humanas de maneira sutil, tendo como pano de fundo a cidade de Bath. O enredo gira em torno de Catherine Morland, que deixa a tranquila e, por vezes, tediosa vida na zona rural da Inglaterra para passar uma temporada na agitada e sofisticada Bath do final do século XVIII. Catherine é uma jovem ingênua, cheia de energia e leitora voraz de romances góticos. O livro faz uma espécie de paródia a esses romances, especialmente os escritos por Ann Radcliffe. Jane Austen faz um eloquente contraste entre realidade e imaginação, entre uma vida pacata e as situações sinistras e excitantes que os personagens de um romance podem viver.
Retornar a um romance da Jane Austen sempre é um ato prazeroso. Entre suspiros e sorrisos durante a leitura, pude apreciar, mais uma vez, a escrita tão doce, singela e única dessa autora que tanto admiro. O livro já estava empacado na estante há um bom tempo, mas graças à uma nova disciplina na graduação pude ter a chance de lê-lo e comprovar mais uma vez minha paixão pelos romances da Jane Austen.
A narrativa irá retratar a vida da heroína Catherine Morland, uma moça que nasce em uma família grande e um tanto humilde, com pessoas simples e sinceras em seus gostos, mas que não vivenciam grandes acontecimentos, coisa que uma mocinha de quinze anos apaixonada por novelas e romances de aventura gostaria de presenciar. Assim, sem grandes perspectivas sobre uma vida cheia de emoções e paixões, a srta. Morland é convidada pelos vizinhos, sr. e sra. Allen para ir até Bath, uma cidade um pouco mais movimentada que a zona rural onde a mocinha morava. Ao entrar em contato com o novo lugar, novas pessoas e novos hábitos, Catherine se apaixona cada vez mais por essa vida, mesmo continuando simples e muito ingênua, a nova rotina e os novos amigos que faz por lá, a incitam em 'romancear' os vários momentos que vivencia.
Novamente vejo uma obra carregada de sátira e ironia para com a sociedade do século XVIII que Jane retrata em seus romances. Neste, em particular, a autora aborda, por meio de uma figura ingênua, simples e leitora de ficção (elemento importante em sua personalidade), o retrato de algumas figuras completamente identificáveis até os dias atuais em nossa sociedade. Os pensamentos de Catherine descritos por um narrador sincero e perspicaz, nos aproxima da narrativa como se estivéssemos assistindo as cenas de perto, rindo junto com as tiradas feitas pelo narrador, nos instigando por meio dos questionamentos que circundam a personagem, esta ignorante de alguns fatos que se relacionam à ela. Temos aqui uma narrativa amena e simples, mas para quem ama um romance de séculos passados e leveza no enredo, irá satisfazer-se rapidamente com o caminhar da trama.
Por fim, o par romântico não chega a ter enfoque como o casal de
Orgulho e Preconceito e arrisco dizer que os mesmos não tem grande presença na narrativa, tendo em sua elaboração cenas bem delicadas e simples, ficando para o final uma presença maior do amor entre os dois. Nossa heroína é a que chama mais atenção e o que lhe ocorre em sua estadia em Bath e na Abadia nos chama atrai mais do que o amor que nutre por mr. Tilney; porém não deixa de arrancar suspiros as cenas em que esse amor é citado, não decepcionando novamente uma leitora que ama ler sobre amores correspondidos (vulgo, eu mesma).
Sobre a edição, a editora está renovando há um tempinho suas publicações e me parece que está dando certo; pelo que soube de fontes confiáveis, a tradução dessa coleção da Martin Claret é a melhor presente no mercado até o momento e realmente não decepciona. Recomendo
mais uma vez a leitura de Jane Austen, como grande romancista que foi e que continua sendo até os presentes dias.