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01 novembro 2015

Daquilo que (não) preciso


Tem dias que a gente precisa colocar uma roupa nova mesmo estando em casa. Passar maquiagem nem que seja pra tirar uma foto na luz do dia tedioso de nossa rotina, só pra sentirmos que podemos ser diferentes daquilo que nós mesmos achamos que somos. Nem que seja por algo considerado supérfluo como roupas e maquiagem. Porque é tanta gente depressiva nas redes sociais e nos meios em que convivemos, que nos contagiamos com esses pensamentos e mesmo não querendo, nos tornamos pessoas iguais as que julgamos anteriormente.

É tão importante atualizar o status no Facebook, postar nova foto no Instagram, fazer gracinha no snapchat, comentar algo no Twitter, que nosso tempo se resume a estarmos vidrados nas redes sociais, bisbilhotando a vida alheia (às vezes sem querer, já que alguns perfis descrevem exatamente o que estão fazendo a todo o momento), concordando ou discordando de determinadas opiniões, clicando em links sobre postagens com assuntos totalmente desnecessários para conhecer. Nos perdemos em todo esse circulo vicioso de superficialidades, cheio de pessoas na famosa bad, revolucionários de 140 caracteres e fissurados em selfies. E quando estamos completamente ocupados em determinadas ocasiões e voltamos a esse “fantástico” mundo das redes sociais, nos sentimos perdidos por um instante, até atualizarmos tudo e verificarmos todas as timelines existentes para podermos nos sentir confortáveis novamente.

Assistir determinada série se torna tão importante quanto tomar banho. Ler aquele lançamento daquela editora prestigiada é mais do que bem visto pelos seus seguidores. Tirar aquela foto linda com aquele filtro tendência é o que os followers esperam. É tão natural que aos poucos não paramos mais pra pensar no que estamos vendo, postando, tuitando e tudo isso se torna uma rotina de uma vida virtual supérflua e mesquinha.

Parar para ler um livro que me faça refletir sobre tudo e nada ao mesmo tempo, jantar ao lado da família reunida ou sair pra comer fora com todos aqueles que gosto ao meu lado, comprar aquela lembrancinha pra criança que mora em casa e ver o sorriso no rosto quando entregamos o presentinho, deitar ao lado de quem amo e sentir a respiração tranquila e saudável dele, ir ao parque, ver a prima brincando e rindo eufórica, comer aquela comida feita com carinho da sogra, arrumar a estante e apreciar os livros ali expostos, conhecer um novo lugar, voltar àquele que amei, presenciar o pôr do sol, comer algo diferente, vestir algo ousado, deixar tudo de lado e dormir, nunca me pareceu tão bom.

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