Original: Emma;
Autor(a): Jane Austen;Editora: Martin Claret;Revisão: Michele Paiva e Silvia Mourão;
Onde comprar: Compare preçosSinopse: Ao comentar sobre Emma Woodhouse, Jane Austen brincou com seus leitores dizendo que Emma é o tipo de "heroína que ninguém, além dela própria, iria gostar muito". Entretanto, ela é irresistível, dona de uma personalidade singular e capaz de despertar no leitor o amor e ódio ao mesmo tempo. Emma é profunda, talvez por isso seja a única personagem dos seis livros publicados de Austen cujo próprio nome é também o título da obra. O livro é um ótimo exemplo de sagacidade e ironia, típicas da escrita de Jane Austen, e é considerado por muitos seus romance mais elaborado. A habilidade que a escritora teve em demonstrar os diversos aspectos da natureza humana, de forma bastante realista e afetuosa, eleva esta obra a uma sátira brilhante.
Meu
caso com Jane Austen começou de uma forma tão sutil que eu nem mesmo percebi
quando ela começou a se entranhar literariamente em mim tão profundamente como
hoje o é. Começou quando, como bom rato de internet que sou, comecei mais um
dos meus momentos eufóricos em que pesquiso sobre algo e vou clicando em todo
tipo de link que possa aparecer na minha frente referente ao assunto de meu
interesse. O assunto da vez? Um mais repetido do que qualquer outro, porém nem
por isso menos interessante e inspirador: Feminismo. Como feminista que sou,
pesquisar sobre grandes personalidades femininas e feministas do mundo e de sua
história é algo pelo qual tenho grande paixão. Foi nessas andanças que descobri
pessoas nas quais me inspiro profundamente hoje em dia: Coco Chanel, Amelia
Earhart, Rainha Vitória – e, felizmente, num golpe de sorte num artigo sobre
grandes personalidades femininas da literatura, vi o nome que de cara me
encantou: Jane Austen.
“Considerada
a primeira romancista do período moderno da literatura inglesa”: foi algo assim
que li, eu acho. E o poder que essa frase causou sobre mim foi astronômico por
alguns pequenos motivos:
a)
“Romancista”: tenho enorme paixão por romances e prosa – a escritora que me
chutou pro mundo da Literatura é a maior escritora de romances fantásticos do
século (J. K. Rowling);
b)
“Período Moderno”: é um período essencialmente rico em inovações literárias.
Citá-las aqui não é necessário, mas é, sem dúvidas, o período mais revelador e
revolucionário da escrita mundial;
c)
“Inglesa”. Dispensa comentários.
Não
precisava ter qualquer outra definição. Se houvessem apenas dito que “Jane
Austen é uma grande escritora inglesa”, por mim, tudo bem. Pois sou tão
deslumbrado, apaixonado e inspirado – além de um profundo estudioso sobre a
história, valores e vida deste povo – por tudo que é britânico que basta apenas
esta menção para me fazer ficar com cara de idiota para quem quer que cite este
nome ou para onde quer que eu o leia/veja.
Consumou-se
minha paixão por Jane Austen após descobrir o quão poderosa, forte e inspiradora
– além de a frente de seu tempo e estonteantemente inteligente – é esta mulher.
Através de artigos, monografias e outros textos acadêmicos e não-acadêmicos,
estudei sobre seu estilo, sobre suas obras, sobre sua vida e seu pensamento, e
me debrucei sobre sua história com paixão e dedicação. Após conhecê-la
imensamente por estes pontos, faltava-me apenas entende-la da forma que deveria
ser: lendo suas obras. O mínimo que qualquer fã – coisa que eu já me dizia
desta escritora – deveria fazer.
Foi
quando estava passeando – justo com a Jeniffer Yara (estudamos juntos, na mesma
sala) – pela livraria lá da faculdade e dei de cara com livros que eram tão... Lindos, que eu não tive reação quando os
vi. Apenas peguei, meio ofegante, um exemplar e o namorei.
Tinha
uma capa linda. Com flores douradas
reluzentes charmosamente desenhadas sobre um fundo verde-claro, o título “Emma”
numa letra floreada e lindíssima debaixo do nome da escritora – que nem prestei
atenção, já que estava abrindo o livro e ficando mais do que bobo com a sua
parte de dentro: impecável na linda diagramação. Uma letra maravilhosa e
legível, do tamanho certo; as páginas de verso antes dos inícios dos capítulos
com belas flores desenhadas, como na capa; e os capítulos começando com uma
letra caligráfica nas primeiras frases. Uma caligrafia que eu reconheci de
cara, já que estava dentre os muitos documentos que li sobre certa escritora...
Foi
quando imediatamente virei pra capa e arregalei os olhos.
Chamei
a Jeniffer Yara. E nós dois entramos em crise eufórica por causa daquele livro.
Livro
que descobrimos haver mais parecidos, já que a Martin Claret publicou uma nova
edição especial dos livros de Jane Austen. Orgulho
e Preconceito, Razão e Sensibilidade,
Mansfield Park, Emma, A Abadia de Northanger
e Persuasão: todos numa edição
esteticamente divina que enlouquece qualquer colecionador e apaixonado por esta
britânica de Steventon.
São
seis livros. Havia várias opções para escolher o primeiro livro de Jane Austen
que eu leria. Depois de um longo tempo de indecisão, no dia posterior (com a
Jeniffer Yara desesperada para que eu me decidisse logo e voltássemos para a
sala de aula), levei na sacola o livro que, de cara, foi o que me enfeitiçou. O
livro que conta a história de uma... Complexa (pois esta é a palavra que
encontro para resumir a grandiosidade desta estupenda protagonista), porém
comum, entretanto nem tão comum assim (o que reforça o caráter complexo da
srta. Woodhouse), mulher que, nascida numa sociedade aristocrata rural do
início do século XIX, vive todas as desventuras e aventuras que eram permitidas
a uma mulher situada num período social como o do fim do século XVIII. Uma
grande mulher, através da qual conseguimos enxergar a vivência social de homens
e mulheres na antiga Inglaterra e as consequências que as vivências destes
seres podem acarretar a seus mundos e relações. Uma grande obra que leva o nome
de sua grande heroína – e não por menos: Emma.
Não
há como começar sem dar foco à personagem a qual toda a obra gira em torno:
Emma Woodhouse. Realmente, como a sinopse promete, não conseguimos amá-la, e
muito menos totalmente odiá-la. Emma é uma complexíssima protagonista – sem
dúvidas a mais complexa que já vi/li (e por isso mais perto da perfeição
descritiva) –, cheia de inteligência, astúcia, imaginação, intenções, orgulho,
poder social e grandiosidades: características que a tornam apaixonante; mas, ao
mesmo tempo, entretanto, tão mesquinha, irredutível, egoísta, um tanto
inescrupulosa e até mesmo hipócrita que mal conseguimos deixar de revirar os
olhos e se irritar internamente com sua performance durante alguns momentos da
leitura. E é exatamente isso que a faz uma brilhante criação: Emma é como um
ser humano é – imperfeito. Com seus calos, porém com sua maciez; com seus
espinhos, entretanto com toda a beleza e perfume da singularidade que apenas
ela consegue ter e trazer aos olhos e imaginação do leitor.
A
escrita de Emma é brilhante: a
capacidade de Austen de dar tamanha profundidade a um enredo situado em lugares
e situações aparentemente corriqueiras de uma realidade por muitos taxada como
“sem graça” é deslumbrante. Apenas alguém com profunda sensibilidade e
humanidade pode fazer isso com tamanha maestria, e sem precisar de um quê
exageradamente erudito, monótono e prolixo que muitos livros clássicos trazem:
sua linguagem é simples, porém requintada; é dita de forma clara, mas requer
atenção ao contexto e aos traços ínfimos trazidos de diversos pontos do enredo
para que tudo faça sentido.
Tem
diálogos compridos, eloquentes e com aquela forma de expressão formal e culta
que amadores da verbalização britânica aristocrata irão se apaixonar; seus
personagens são profundos, complexos e com grande caráter criativo, todos
debruçados numa narrativa calma, que corre num ritmo tranquilíssimo, com os
quais você ganha tamanha intimidade que se vê muitas vezes adivinhando suas
ações e comportamentos através do conhecimento explicitado por Austen de seus
arquétipos. A obviedade íntima nunca caiu tão bem nos personagens de outra obra
quanto em Emma, livro o qual, ao
mesmo tempo que é transparente com os personagens, é obscuro e misterioso no
enredo. Dificilmente consegui imaginar os fatos decorrentes pela capacidade
bárbara de dramatização que este livro possui. Jane Austen faz de uma sociedade
rural simples um poço de inovações, suspense e emocionantes surpresas, o qual
nos conquista e nos deixa ainda mais apaixonados do que imaginaríamos ficar com
um simples livro de capa bonita e diagramação legal.
Um
grande livro, com uma grande heróina, rodeada por grandes personagens que,
situados num grande enredo, são criações de uma gigantesca escritora: Emma, de Jane Austen – uma brilhante
obra que realmente merece ter sido eternizada como um grande clássico da literatura
inglesa. Tornou-se uma das minhas obras favoritas (sem dúvidas o meu livro de
literatura clássica predileto) e teve grande papel em marcar Jane Austen como
uma das minhas escritoras favoritas.
Você,
sinceramente, leitor, deveria ler este livro. Afinal: o que há demais em se
perder em um pouco de boa literatura britânica antiga? Ainda mais se escrita
pela pena da brilhante e eterna Jane Austen?
P.S.: Apenas um pequeno detalhe que esqueci de mencionar quanto à edição por causa da euforia em descrever sobre o enredo e a obra de Jane: a revisão. É, infelizmente, uma das revisões mais dispersas que já vi. É esquisita a forma com que o começo é lindamente organizado nesse sentido, com todas as vírgulas e tudo no lugar, mas, a partir do meio do livro, como a coisa desanda e coisas absurdas são vistas, até. Como a quebra de parágrafo antes de terminar o conteúdo do parágrafo, palavras escritas erradas e esse tipo de coisa. Foi realmente uma decepção nesse sentido - mas apenas nesse. É como eu sempre digo: não deixe de ler tão linda obra em tão magnífica edição especial por causa deste mero detalhe. Se você leva revisão como um detalhe, lógico (como eu me esforço pra fazer).
Eu adoro o livro. Adoro como a Emma é imperfeita e humana. Na verdade acho que todas as protagonistas da Jane o são.
ResponderExcluirExcelente resenha.
Carissa
www.carissavieira.com
Eu planejo conhecer muito, muito em breve MESMO as próximas heroínas de Jane. Minha primeira leitura dela foi "Emma", mas Orgulho e Preconceito está logo ali, quietinho, esperando por mim para devorá-lo.
ExcluirBeijos, Carissa! Obrigado pelo carinho!
Nossa, se eu não tivesse tantos livros pra ler, ia procurar, parece sem muito bom! Tem post novo no blog, passa lá ;)
ResponderExcluirwoolovely.blogspot.com.br
Mas você pode comprar e deixar na fila, uai... xD AIUSHIUAHS
ExcluirBeijos, Gabbe! Pode deixar que daremos uma passada por lá.
Hey
ResponderExcluirAdorei seu relato sobre a Jane, muito bonito de se ler.
Confesso que só li algumas páginas de 'OeP' para a faculdade e até gostei, tenho que ler os outros.
Emma sou curiosa em assistir o filme com a Gwyneth, até o vi em algum site hoje haha
Parabéns pela resenha.
bjs
Nana - Obsession Valley
Own, obrigado, Nana! E eu também sou doido pra ver o filme com a Gwyneth. Vi os stills e posters: perfeitos. Não chegam ao ponto da perfeição de Becoming Jane, mas...
ExcluirBeijos!
Não conhecia o livro, é a primeira vez que ouço falar nele o/
ResponderExcluirmais fiquei bem interessada o/
a capa não chama muito atenção o/
mas o livro parece bom, seguindo o blog!
acervo-de-livros.blogspot.com
Nossa, sério que você acha que a capa não chama muito atenção?! aiushaiuhs O livro é ótimo, pode confiar. Beijos! Obrigado!
ExcluirEu achei lindas essas edições novas quando lançaram, mas como já tenho todos os livros e alguns repetidos algumas vezes, não iria comprar Martin Claret de novo.
ResponderExcluirFico contente que tenha gostado tanto da obra, porque ela é minha autora preferida e a gente sente como se tivesse sendo elogiado quando gosta muito de algo e alguém elogia.
Porém, Emma é a obra que eu menos gosto. E é a mais fraca, na minha opinião. Tanto pela história desenrolada quanto por sua protagonista.
Eu não sou entendida, sou só fã e apaixonada por Austen. Mas para mim é assim. Gosto até um pouco mais da Cher de As patricinhas de Beverly Hills na adaptação do que da personagem de Emma no livro ou nas adaptações fiéis da obra.
Quero saber a opinião quando chegar no meu adorado orgulho e preconceito.
liliescreve.blogspot.com
É sempre legal conhecer opiniões divergentes das nossas. Eu, pessoalmente, achei a obra brilhante, mas acho que com certeza saíram obras melhores da pena de Jane Austen - e Orgulho e Preconceito é uma obra canônica do Romance Britânico Moderno. Pode deixar que, quando eu lê-lo (ele já está em mãos, e desta magnífica versão), a opinião será postada aqui no Meu Outro Lado. ^^
ExcluirBeijos! Obrigado pelo carinho e sinceridade, Lili.
Oi, tudo bom?
ResponderExcluirPassando para deixar um comentário rsrs
A Jane é demais , todo mundo fala bem dos livros
dela .
Quero muito ler este , me parece ser bom !
Beijos*-*
Território das garotas
http://territoriodascompradorasdelivro.blogspot.com.br/
Tudo ótimo! auishiuah E, sim, eu também sempre ouvi todo mundo falando bem dela, então resolvi abrir minha vida literária com Austen com Emma. ^^
ExcluirBeijos!
Essas edições SÃO LINDAS DEMAIS COMO AGUENTAR, GENTE! Vou na Livraria Cultura e a vejo e SIMPLESMENTE PRECISO DE TODOS OS LIVROS COM ESSAS CAPAS. Da Jane já li Orgulho e Preconceito, Persuasão e Razão e Sensibilidade. Gostaria de ler todos os outros dela ainda esse ano, e num futuro não tão distante, espero, ter essas edições lindas.
ResponderExcluir@mmundodetinta
maravilhosomundodetinta.blogspot.com
Eu espero muito em breve ter toda essa coleção da nova edição! *---* O próximo que vou amar será Persuasão. <3
ExcluirObrigado por ter passado por aqui. ^^
estou em falta com a Austen :(
ResponderExcluirainda não li um livro sequer da autora. tenho que me redimir e pegar um ou dois (ou todos?). mas já vi algumas adaptações.
{Emilie Escreve}
Que coisa feia... Tsc tsc tsc. Sim, sua redenção literária só será dada quando ler alguma coisa dela - e muito em breve, moça. xD
ExcluirBeijos! Comece com Emma - é um grande livro!
Que lindo o texto que você escreveu! Gosto muito da Jane Austen, apesar de ter lido apenas Orgulho e Preconceito! Te aconselho a ver o filme que conta a história dela, muito lindo! Tô morrendo de orgulho e saudade de você, beijos da sua amiga Sol!
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