Vou dar um novo adeus à essas paredes que confidenciaram vários momentos bons e ruins que tive nesse curto tempo. Me apeguei materialmente a esse quadrado de concreto de tal forma que, ao estar vivendo essas ultimas horas nele me vem uma certa melancolia inexplicável.
Novamente terei novos caminhos à percorrer. Literalmente. Serão novos rostos para ver todos os dias, novos obstáculos na rotina desgastante, novos horizontes para admirar e novos costumes para cultivar. É difícil e ao mesmo tempo empolgante toda essa mudança. Foram várias as vezes em que os caminhos modificaram-se. Alguns foram mais fáceis de conviver do que outros, mas todos tiveram suas vantagens e desvantagens. São vinte e um anos sendo andarilha desses lugares desconhecidos. Em todos tive a chance de renovar tudo aquilo que estava ao meu redor, desde móveis e objetos até minha forma de convivência, o trato que eu daria aos novos vizinhos e o corte de cabelo que eu teria no novo lugar que iria morar. Algumas vezes sinto falta daquilo que não tive: um local fixo para ficar. Ao mesmo tempo que essa ideia era vislumbrante, também não me era muito atraente ao pensar sobre todas as transformações que obtive com as mudanças materiais e necessárias. Sempre fico na dúvida quando me perguntam se tudo isso não cansa, não desgasta, se não é ruim. É sempre difícil, eu respondo. Mas depois acostuma. E a ideia de repaginar algumas coisas na vida sempre me fascina.